terça-feira, 1 de junho de 2010

Encontro no Rio discute mobilidade rodoviária sustentável


Notícia da edição impressa de 01/06/2010 - Jornal do Comércio

Especialistas debatem problemas como acidentes de trânsito, poluição e congestionamentos urbanos
Cláudio Isaias, do Rio de Janeiro

Presidente aproveitou a ocasião para  criticar os Estados Unidos pelo vazamento de petróleo no Golfo Ricardo Stuckert/PR/JC
Presidente aproveitou a ocasião para criticar os Estados Unidos pelo vazamento de petróleo no Golfo Foto: Ricardo Stuckert/PR/JC
Com a presença do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do presidente da Michelin, Michel Rollier, começou ontem, no Rio de Janeiro, o Michelin Challenge Bibendum. O encontro, que discute uma mobilidade rodoviária sustentável, contou com a participação de montadoras, empresários e especialistas em transportes, pesquisadores, políticos e representantes de 80 países, que lotaram as dependências do Riocentro, na Barra da Tijuca.
Com um forte esquema de segurança, o presidente Lula chegou ao Riocentro em um ônibus adaptado com três portas e piso rebaixado. Uma das três portas possuía rampa de acesso para cadeirantes. Ele visitou caminhões, ônibus e veículos (protótipos) das principais montadoras internacionais. No seu discurso, o presidente destacou que a Petrobras tem investido no aumento da oferta de combustíveis menos intensivos em carbono, como o gás natural e as fontes de energia renovável, com destaque para os biocombustíveis.    
Lula aproveitou a presença de 80 delegações estrangeiras no evento e criticou duramente os Estados Unidos pelo vazamento de óleo que ocorre no Golfo do México desde abril deste ano. Segundo ele, o mundo desenvolvido teria feito um "escândalo" se o acidente tivesse ocorrido com a Petrobras, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. "Era só colocar uma sonda aqui ou ali e o problema estaria resolvido. Estão quebrando a cabeça enquanto cinco mil litros de barris vazam por dia", comentou.
De acordo com o presidente, é engraçado como a imprensa trata o acidente. "O mundo desenvolvido teria feito diversos artigos contra o Brasil. Imagina quantas matérias surgiriam contra o Brasil, afirmando que o País não sabe tomar conta do seu nariz?", questionou. O vazamento de óleo aconteceu em um poço da empresa britânica BP, no Golfo do México, na costa Sul dos Estados Unidos.
Para o presidente da Michelin, é possível ser a favor do desenvolvimento da mobilidade rodoviária, mas sem esquecer que existem problemas de energia, poluição e de congestionamentos nos grandes centros urbanos, sobretudo em cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. "Queremos uma mobilidade rodoviária mais limpa e segura. No entanto, não podemos esquecer da mortalidade no trânsito", destacou.
A referência de Rollier é em relação aos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que mostram que diariamente 3,5 mil pessoas morrem nas estradas de todo o mundo. "Em um ano, a tragédia no trânsito chega a 1,3 milhão de mortes em função dos acidentes. Os jovens entre 16 e 24 anos são os mais atingidos", destaca. Um estudo feito em 178 países pela OMS apresenta dados preocupantes. Até 2030, o número total de vítimas envolvidas em acidentes rodoviários poderá chegar a 2,4 milhões, fazendo com que os acidentes sejam a quinta causa de mortalidade no mundo.
Já o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirmou que o Challenge Bibendum é realizado em um momento oportuno para o Brasil. Segundo ele, o País deverá enfrentar dois grandes desafios: a realização da Copa do Mundo de 2014 em 12 cidades brasileiras, e as Olímpiadas de 2016 na cidade carioca. "Precisamos estar preparados para resolver problemas de congestionamento e de grande parte da população brasileira que ainda não tem acesso a meio de transporte como metrô e ônibus", salientou.
Em sua 10ª edição, é a primeira vez que o Michelin Challenge Bibendum é realizado na América Latina. Criado pela Michelin em 1998 para comemorar o centenário do Bibendum - o boneco da Michelin, símbolo da marca -, o evento discute questões ligadas ao transporte rodoviário, como o fornecimento de energia, as emissões de gases de efeito estufa, a segurança rodoviária e a poluição urbana.
Segundo o Banco Mundial, o setor de transportes é a principal causa de poluição do ar na América Latina. O Brasil é um dos dez maiores consumidores de energia e, até 2030, deverá dobrar o uso de fontes de energia e emissões de gás de efeito estufa.

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