terça-feira, 27 de julho de 2010

Reciclagem de veículos mobiliza profissionais e instituições no país


26/7/2010 - CNT



Foto: Divulgação

Entre especialistas em meio ambiente e em segurança de trânsito, há consenso sobre o papel da reciclagem de veículos na redução da poluição e dos acidentes e na melhoria da mobilidade urbana. No Brasil, embora não haja uma política oficial para a renovação e o processamento de resíduos gerados pelo sucateamento da frota, já existe mobilização de órgãos e instituições pela regulamentação do tema.

Profissionais como o diretor executivo de Operações do Cesvi Brasil (Centro de Estudos Automotivos), José Aurélio Ramalho, acreditam que a aprovação de legislação específica sobre o assunto é uma questão de tempo. Especialista em segurança viária, Ramalho afirma que o tratamento adequado de resíduos no Brasil demanda regulamentação, criação de centros de reciclagem, concessão de incentivos fiscais para as empresas e adoção de mecanismos de estímulo paralelos.

O diretor do Cesvi será um dos palestrantes do Seminário Internacional sobre Reciclagem e Renovação de Frota, marcado para o próximo dia 12 de agosto, na sede da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em Brasília (DF).
 
Veja abaixo a integra de entrevista concedida pelo especialista.
 
Por que o Brasil está tão atrasado na questão da reciclagem em relação a países latino- americanos, aos europeus e aos japoneses? Falta uma política pública direcionada a isso?
O Brasil ainda não tem uma cultura de reciclagem de veículos. Apesar de termos tecnologia compatível com países de primeiro mundo, ainda nos falta criar uma cultura que nos leve a pensar de forma mais sistêmica no que denominamos de “engenharia reversa”. Pensar em uma forma de como, ao invés de projetarmos e/ou criarmos veículos, reaproveitá-los da melhor maneira possível quando chegar o seu fim de uso.


O que deve mudar na legislação brasileira para que a reciclagem de veículos de fato aconteça? Uma política de incentivos seria a solução?
Já existem órgãos e associações se unindo em prol da criação de uma lei que regulamente o tratamento de veículos fora de uso no Brasil (reciclagem). Mais do que nunca, é uma questão de tempo para que tenhamos esta lei em vigor. A questão ambiental é um fator singular, no que diz respeito às prioridades dos mercados mundiais.

O Cesvi Brasil acredita que para a questão do tratamento de veículos se fazer presente em nosso país, os seguintes pilares devem ser erguidos:

- Desenvolvimento de legislação específica;
- Criação de postos de recolhimento e tratamento de veículos (Centros de Reciclagem);
- Incentivo fiscal (para empresas que exerçam este tipo de atividade);
- Certificado de destruição;
- Projetos paralelos (seguro popular/apólice verde);
 
Qual é a situação da frota de veículos hoje no Brasil e qual seria a idade ideal?
Hoje, no Brasil, temos uma frota de veículos envelhecida que está circulando sem manutenção adequada, com maior tendência a provocar acidentes de trânsito e engarrafamentos. E quando esses veículos são descartados de forma inadequada afetam ainda mais a poluição ambiental.
 
O que deve ser feito com veículos antigos reprovados na inspeção veicular?
A atividade de reciclagem poderá ser uma alternativa para a resolução do problema em relação ao destino dos veículos reprovados na inspeção veicular, além de trazer benefícios ambientais, sociais e econômicos. 

Apenas a inspeção veicular ambiental já é suficiente para alavancar a reciclagem de veículos ou dependemos necessariamente da inspeção técnica de segurança veicular?
Não é suficiente. A inspeção técnica de segurança veicular já existe em outros países e é um dever e um direito da sociedade. Num país com uma realidade de trânsito tão complicada como a do Brasil, a inspeção é uma necessidade de caráter urgente. Com a inspeção de segurança é possível estimular a manutenção preventiva dos veículos, o que teria conseqüências diretas na redução da tragédia dos acidentes de trânsito, na diminuição da poluição das grandes cidades e nos engarrafamentos causados por carros enguiçados na via pública.
 
Quanto tempo seria necessário para a implantação de uma indústria da reciclagem no Brasil? Qual é o papel de montadoras, siderúrgicas, ferros-velhos e seguradoras?
Caso uma legislação seja criada, algumas empresas podem facilmente se preparar para tal ação, assim como novas empresas serão criadas para tal finalidade. O setor automobilístico pode contribuir para o processo de reciclagem adotando em seus processos práticas ambientalmente sustentáveis, como o descarte correto de veículos fora de uso para centros de reciclagem de veículos.
 
Como um centro de reciclagem pode se tornar um negócio lucrativo?
Comercializando as peças dos veículos que podem ser reutilizadas. Ou seja, não se tratando de peças de segurança, a vantagem de se utilizar uma peça de um centro de reciclagem é que ela é avaliada e apresenta certificado de procedência.
 
A proposta da CNT para a adoção de políticas públicas que permitam a retirada de circulação e a reciclagem de caminhões antigos pode contribuir para aliviar essa demanda?
Sim, pois uma vez que os veículos pesados não tenham mais condições de rodar com segurança nas estradas e vias do país, tornam-se um perigo. Pelo porte dos veículos e as cargas que transportam, qualquer acidente pode ser fatal, colocando vidas em risco. Sem falar dos transtornos e dificuldades que um acidente proporciona.
 
Que benefícios a reciclagem pode trazer para o meio ambiente e a saúde da população?
- ambiental: reduzir a poluição ambiental por meio da remoção e destinação dos componentes considerados perigosos, como baterias e fluidos, bem como na neutralização dos componentes pirotécnicos (“air bags” e pré-tensores dos cintos de segurança);

- econômico: movimentação do mercado de consumo formal, por meio da venda de peças reutilizáveis;

- social: aumento de empregos na cadeia de reciclagem, já que a tendência é que novas empresas de reciclagem se estabeleçam para atender a demanda gerada. Combate à proliferação do mosquito da dengue, uma vez que os carros abandonados a céu aberto contribuem para o armazenamento da água proveniente de chuvas.
 
Quais são os problemas que uma frota sucateada pode trazer para as cidades? Ela afeta a mobilidade?
Problemas já descritos nas questões anteriores, como acidentes de trânsito, engarrafamentos e poluição do meio ambiente.
 

terça-feira, 20 de julho de 2010

Moto supera carro em 46% das cidades brasileiras



19/07/2010 Transporte Idéias
A frota de motos já ultrapassa a de carros em 46% dos municípios brasileiros, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) divulgados pela “Folha de S. Paulo”. No começo da década, o índice era de 26%.
As motos predominam, principalmente, em cidades de pequeno porte, que abrigam cerca de 25% da população brasileira. Mas duas capitais já têm
mais motos do que carros: Boa Vista (RR) e Rio Branco (AC). Ainda assim, há 35,4 milhões de carros no país contra 15,3  milhões de motos.
O aumento do número de motos se deu, entre outras razões, pela baixa qualidade do transporte público e das facilidades na compra. A frota de automóveis aumentou 40% nos últimos cinco anos e a de motos, 105%. Com o crescimento, a quantidade de acidentes fatais também aumentou. O número de motociclistas mortos pulou de 725 em 1996 para cerca de 8 mil em 2009.

domingo, 4 de julho de 2010

Venda de veículos cresce quase 10% no semestre



02/07/2010
A venda de veículos automotores cresceu 9,29% no primeiro semestre de 2010, na comparação com o mesmo período do ano passado. Nos seis primeiros meses do ano foram vendidos 2,4 milhões de unidades contra 2,2 milhões no primeiro semestre de 2009. Em junho, o setor registrou elevação de 1,32% nas vendas, com 411 mil unidades faturadas. Na comparação com junho do ano passado, houve queda de 6,94%, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Segundo o presidente da Fenabrave, Sérgio Reze, os resultados não diferem da previsão feita pela entidade. “Na comparação semestral, é nítido o curso de crescimento do setor em função de o consumidor estar tranquilo, se aproveitando das promoções que estão sendo feitas e da situação da economia e da política, que está calma”.
Quando divididos em segmentos, os automóveis e comerciais leves totalizaram no semestre 1,4 milhões de unidades vendidas, 7,32% a mais do que no mesmo período do ano passado. Na comparação com maio houve elevação de 4,97% : 247,5 mil em junho contra 235,7 mil no mês anterior. Mas quando comparado a junho do ano passado, que registrou 289,7 mil unidades vendidas, a queda foi de 14,58%.
Os caminhões recuperaram as vendas, com um crescimento de 30,31% no semestre (13,1 mil unidades) e de 7,97% no mês (2,2 mil unidades). Na comparação com o mesmo mês do ano passado, as vendas cresceram 28,3%. “Nós esperávamos um crescimento mais contido das vendas de caminhões, mas o segmento cresce fortemente porque a economia puxa a necessidade de substituição da frota”.
Com relação às motocicletas, as vendas em junho foram inferiores às de maio. Com 138,6 mil unidades, a queda foi de 3,62%. No entanto, na comparação com junho do ano passado, o crescimento foi de 3,19% e, no semestre, de 8,56%, com vendas totais de 831.200 motocicletas.
“O consumidor de motocicletas está pagando um alto preço pela seletividade iniciada na crise de 2008. Para conceder crédito, os bancos procuram privilegiar os processos de compra para marcas mais tradicionais”.
Ao ser perguntado sobre os impactos de novos aumentos na taxa básica de juros - Selic - nas vendas e nos financiamentos de veículos, Reze enfatizou que não acredita em impactos negativos. Ele citou como exemplo a crise econômica iniciada em 2008 e disse que, naquele momento, o que impactou a decisão de compra do consumidor não foi a taxa de juros e, sim, a ausência de fundos para o financiamento.
“Quando se tem recursos, os próprios bancos fazem uma avaliação entre os juros que eles pagam com os juros aplicados ao mercado e a necessidade do banco de aplicar esses recursos. Podemos verificar que não houve uma diminuição das vendas e a taxa Selic já teve dois ou três aumentos [atualmente está em 10,25%]. O que as pessoas fazem é ampliar as prestações do financiamento”.
Reze ressaltou que os veículos de entrada (conhecidos como carros populares) sem opcionais são comprados principalmente por frotistas. Já o consumidor comum, que consegue prazos maiores de financiamento, está optando por veículos com maior valor agregado. “O veículo 1.0 [litro] equipado está custando o mesmo preço de um veículo 1.6 [litro]. Então, nem nesse sentido, o aumento dos juros vai influenciar”, disse.
Fonte: Agência Brasil