segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Aeroporto é palco de brigas e ameaças

25/10/2010 - Jornal do Commercio (PE)

O Aeroporto Internacional do Recife é palco de uma verdadeira guerra entre taxistas. De um lado estão os motoristas cadastrados, de tarifa comum ou especial. Do outro, ficam 60 taxistas que alegam rodar na região há muito tempo e que ficaram de fora da seleção feita pela Prefeitura do Recife na época de João Paulo. Segundo os taxistas cadastrados, a desavença já chegou as via de fato, com brigas e ameaças entre os grupos. No meio, estão os clientes, incluindo turistas de toda a parte do mundo, que são avisados constantemente pelas caixas de som do aeroporto para não pegarem carros não cadastrados, enquanto são abordados pelos motoristas avulsos, chamados de "miões" pelos outros, pois costumam "miar" nos ouvidos dos passageiros, alegando que cobram tarifas menores e são homens de confiança.

Os motoristas do lado de fora dizem que a quantidade de táxis cadastrados no aeroporto é pequena para atender a demanda de passageiros. "Tem hora que chegam três ou quatro voos de uma vez e fica uma fila de até 30 pessoas esperando táxi. Mesmo quando os passageiros embarcam nos nossos carros ainda fica faltando veículo para atender todo mundo", explica o taxista Rosenilton de Lima, 52 anos. Ele diz que faz ponto na região há 25 anos, mas não foi selecionado pela prefeitura. "No começo, eles disseram que a gente ia entrar. Fizemos cadastro e tomamos até vacina contra febre amarela, mas depois a PCR colocou só motorista com carro novo e do conhecimento deles".

O tesoureiro da Disk Taxi, Gervásio Belarmino, auxiliou a PCR na seleção e conta que, na época, os candidatos tinham que fazer um teste sobre conhecimento dos pontos turísticos do Estado, ter um carro novo e nenhum ponto na carteira de motorista. Hoje, as exigências não são mais as mesmas. "A Infraero nunca conseguiu acabar com os táxis que ficam do lado de fora. É uma briga difícil de desmanchar. O aeroporto é o melhor ponto da cidade", acrescenta Gervásio Belarmino.

Segundo os taxistas, o bom de rodar no aeroporto é a alta probabilidade de levar passageiros para cidades como Caruaru, para as praias do Litoral Sul e até para João Pessoa, na Paraíba. As viagens são bem mais lucrativas do que as corridas dentro da cidade, onde o gasto de combustível é maior. A ironia de rodar no ponto do aeroporto é que muitos taxistas "irregulares" ganham mais do que aqueles que são cadastrados. Boa parte dos que ficaram de fora da lista tem carro próprio e não paga a comissão do dono do veículo. Eneilton de Almeida, 45 anos, taxista cadastrado na tarifa comum fica com apenas 33% do faturamento do táxi. Ele está no aeroporto há dois anos e deixou o trabalho como caminhoneiro para ficar mais perto da família. O salário gira em torno de R$ 1.500 a R$ 1.700 por mês. Para se ter uma ideia, Rosenilton de Lima, fatura cerca de R$ 3 mil por mês.

"Tem dia que é bom porque consigo viagem e dá pra levar mais dinheiro pra casa. Mas é difícil. O pior daqui é a carga horária", reclama Eneilton Almeida. Ele trabalha das 7h às 19h, dia sim, dia não. Conseguiu um ponto no aeroporto através do sobrinho, que trabalhava para um dos diretores da cooperativa. O proprietário do veículo dirigido por Eneilton tem mais um carro rodando no ponto do aeroporto com outro motorista. Um taxista do aeroporto, que preferiu não se identificar, disse que tem gente com cinco ou seis carros rodando com diversos motoristas no local. Os taxistas do lado de fora conseguem ganhar o passageiro sobretudo quando ele vai para outras cidades. Para levar alguém para Caruaru ou João Pessoa, eles cobram R$ 150. A tarifa especial para essas duas cidades sai por R$ 251. Os preços cobrados para levar o passageiro para alguns bairros também é salgado. Casa Forte fica por R$ 48 na tarifa especial. Bairro Novo, em Olinda, por R$ 59.

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