sábado, 22 de agosto de 2015

Uber lança serviço 30% mais barato no Rio

21/08/2015 - O Globo

RIO - Quem abrir o aplicativo do Uber nesta sexta-feira, aqui no Rio, vai encontrar uma surpresa: ao lado do conhecido sedan preto, que indica o Uber Black, haverá um carro menor, cinza, representando o Uber X. A alternativa, que já funciona em São Paulo há dois meses, oferece o mesmo tipo de serviço, só que com veículos mais simples, como o Ford Focus ou o Honda Fit, e a preços 30% mais baratos do que o dos táxis comuns. Como os motoristas do Uber Black, os do Uber X também são profissionais, e passam pelos mesmos critérios de avaliação.

Guilherme Telles, diretor geral do Uber no Brasil, explica que eles se propõem a atender a um novo tipo de passageiro.

— O Uber X funciona sobretudo em bairros distantes e áreas de periferia, e em geral fazendo uma última perna entre o transporte público e a casa do usuário, tipicamente aquela pessoa que precisa andar quilômetros até o ponto de ônibus mais próximo. A ideia do Uber X é complementar o ecossistema de transporte.

Na verdade, o Uber X se propõe a resolver não só o problema dos passageiros, mas também o dos motoristas que, tendo passado em todos os critérios de avaliação da empresa, esbarram no quesito carro: nem todos têm como comprar os luxuosos carrões com bancos de couro, exigência do Uber Black.

Nos EUA, o Uber X é o verdadeiro sistema de carona paga que deu origem a essa definição. Lá, os motoristas não são profissionais, mas pessoas que têm carro e habilitação, mais ou menos como os do Uber Pop europeu, que tanta comoção causou entre taxistas franceses.

Uber Black, Uber X, Uber Pop — afinal, quantos Uber existem?

— As possibilidades são infinitas! — diz Filippo Renner, diretor-geral do Rio, especialmente empolgado com o Uber Eats, serviço experimental em Nova York e Chicago, que oferece duas ou três opções de refeições rápidas e baratas, em torno de US$ 10, e chegam ao cliente em cinco minutos.

PARA TODOS OS BOLSOS

É fácil descobrir as muitas opções — e é uma boa brincadeirinha para quem curte o aplicativo. Basta dar zoom no mapa para ver que, em Los Angeles, por exemplo, além de Uber Black e UBer X, há os Uber Pool (espécie de lotação), Plus (sedans de luxo, como Mercedes), SUV (caminhonetes), Lux (limousines) e Access, com diferentes alternativas para o passageiro. Em Istambul, há o Uber Boat, que oferece lanchas no estreito de Bósforo; em Nova Déli, pode-se chamar um tuc-tuc com o Uber Auto.

Filippo, que tem 30 anos, 1,95m e cara de quem mal saiu da universidade, comanda, há três meses, a equipe de dez pessoas no recém-instalado escritório carioca, em Ipanema. A idade média não passa dos 30 anos; o mais novo, João Barbará, gerente de operações em São Paulo, tem 26, a mais velha, a diretora jurídica Ana Pellegrini, 38.

O background de todos é parecido. Quando não chegam direto da universidade, eles vêm de outras empresas de tecnologia. O escritório de São Paulo, onde trabalham pouco mais de 20 pessoas, fica no alto de um prédio imponente, com vista espetacular, e promete ficar lindo. Por enquanto, é uma típica startup em crescimento, com caixas empilhadas e uma salada de objetos incongruentes empilhados: centenas de headphones, material de escritório, lixeiras, pacotes de biscoito e guarda-chuvas.

— A nossa vida é cheia de obstáculos — brinca o diretor de comunicação Fábio Sabba, de 35 anos, uma das caras mais conhecidas da operação brasileira. É ele quem atende aos jornalistas, dá declarações, acompanha debates nas câmaras legislativas. Todos conversam sobre tudo pertinente ao Uber, conhecem a legislação de transportes e os mínimos desdobramentos do que está acontecendo com o serviço pelo mundo afora. Quando saem do trabalho na sexta à noite, conectam-se pelo WhatsApp e passam o fim de semana trocando ideias e informações.

TÍTULOS E EMPOLGAÇÃO

Todos têm ótimos títulos acadêmicos e são experientes: Filippo fundou uma empresa aos 20 anos; Leticia Mazon, que tem 28 e trabalha com Fábio na comunicação, vem da prefeitura de São Paulo; Daniel Mangabeira, de 30, diretor de políticas públicas, passou pela Global Health Strategies, pela UK Trade and Investment e trabalhou para o governo britânico.

A empolgação da turma é palpável, mas há uma ponta de frustração pela hostilidade com que a empresa é tratada por taxistas e vereadores.

— Quando uma fábrica que vai gerar 600 empregos é inaugurada, é recebida de braços abertos pelas autoridades, ganha incentivos fiscais e não paga IPTU por dez anos — diz Sabba. — Nós, que geramos milhares de empregos, somos recebidos com pedradas.

Mas há emoções positivas que vêm da satisfação dos usuários.

— Eu nem acredito que o Uber só está no Brasil desde maio passado — diz Mangabeira. — Tantas coisas vêm acontecendo, com tanta intensidade, que a impressão que tenho é que já se passaram 50 anos.

Taxistas poderão ser autorizados a usar carros pretos de luxo

Câmara aprova projeto que penaliza Uber e beneficia permissionários

Os taxistas vão ter o seu "próprio Uber". Na regulamentação do transporte individual de passageiros, aprovada ontem na Câmara de Vereadores, em primeira discussão, com 38 votos, está previsto que os profissionais já licenciados pelo município poderão se organizar em entidades e requerer licença para operar carros de luxo pretos, exatamente como os usados pelos motoristas do aplicativo. Para isso, terão que comprovar noções de inglês e a realização de curso de atendimento ao cliente — justamente diferenciais dos motoristas selecionados pelo Uber.

A vereadora Teresa Bergher vai propor a retirada desse ponto do texto. O presidente da Casa, Jorge Felippe, nega a criação de um "Uber de taxistas":

— Já temos no Rio táxi amarelo, vermelho e azul. Passaremos a ter o preto. O Uber é ilegal. Os taxistas têm licença.

A regulamentação prevê multas mais pesadas para o Uber e táxis piratas: em vez dos R$ 1.360,29 atuais, seriam R$ 3 mil (motoristas) e R$ 7 mil (empresas). Ontem, a OAB-RJ criou um grupo de trabalho para analisar o serviço prestado pelo Ube

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