quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pedra Branca recebe projeto piloto de compartilhamento de carro

28/01/2015 - Diário Catarinense

O excesso de carros nas ruas é o principal inimigo da mobilidade em grandes cidades. Para resolver esse quebra-cabeça urbano, diversas ações de compartilhamento de modais foram criadas e desenvolvidas nos últimos anos. Uma em especial começou a conquistar o Brasil recentemente: o uso coletivo de carros. A primeira experiência catarinense foi implantada ontem, no condomínio Pedra Branca, em Palhoça. A nova proposta de meio de transporte é uma parceria da administração do condomínio com a startup Podshare. Por enquanto, o serviço irá atender apenas trabalhadores do Instituto de Apoio à Inovação e Tecnologia do Continente (Inaitec), incubadora de empresas de tecnologia da Pedra Branca.

Ao invés de um veículo por pessoa, lotando as avenidas das cidades, um carro para servir a vários habitantes. Esse é o principal lema do sistema de compartilhamento de carros. Foi vendo experiência em viagens que os estudantes e sócios da Podshare, Rodrigo Magri e Brenner Martins, começaram a pensar em um modelo que pudesse ser implantado em Santa Catarina.

— O modelo de compartilhamento francês é um dos mais conhecidos. Nele, você pode pegar o carro em um ponto e deixar em outro, como é possível fazer com bicicletas, por exemplo. Mas aqui temos uma limitação com relação a segurança pública, então tivemos que desenvolver um serviço próprio - explica Rodrigo Magri.

O projeto de compartilhamento de carros é o primeiro da Podshare, startup incubada há um ano no Inaitec, onde o sistema deve funcionar por enquanto. Com um veículo, ele será utilizado inicialmente apenas por pessoas que trabalham no edifício.

— Temos 30 empresas de tecnologia incubadas no Inaitec e essa iniciativa do carro compartilhado faz parte de um projeto da Pedra Branca em desenvolver alternativas sustentáveis de transporte - conta Renato Ramos, Gerente de Negócios da Pedra Branca.

O compartilhamento de veículos começou a operar ontem na Pedra Branca. Para utilizar o serviço, o cliente deve assinar uma mensalidade e depois terá que pagar R$ 18 por hora de utilização do carro, um modelo Gol 1.0, ano 2014.

Compartilhamento já tem mais de 20 anos na Europa

O compartilhamento de veículos começou ainda nos anos 1980, na Europa. No entanto, apenas na década seguinte o modelo ganhou força e se profissionalizou, principalmente na Suíça e na Alemanha. Para a arquiteta da área de mobilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luisiana Paganelli Silva, que pesquisa o serviço de compartilhamento de carros, a forma como o brasileiro utiliza o veículo particular deve mudar para que esse tipo de iniciativa funcione:

— O compartilhamento deixa claro a diferença entre uso e posse. O brasileiro ainda vê o carro como sinal de status social e isso precisa mudar. Além disso, outros modais e propostas devem ser implantados. Se isso não ocorrer, esse tipo de uso coletivo só vai fazer a pessoa que não tinha acesso a carro passar a ter. Ou seja, mais veículos nas ruas - observa a arquiteta.

Como funciona o compartilhamento

Passo 1: O usuário precisar acessar o site da Podshare e fazer um credenciamento para receber um cartão. Site: www.podshare.com.br

Passo 2: Uma mensalidade* de R$ 80 será cobrada para cada participante. Além disso, é preciso pagar uma taxa extra por hora de utilização do carro.

Passo 3: Com o cartão, o usuário pode agendar a hora que pretende utilizar o carro. Para cada hora utilizada, uma taxa de R$18 será cobrada. Esse valor inclui a gasolina e o seguro do veículo.

Passo 4: O cartão magnético permite que o usuário abra a porta do veículo. As chaves estão na ignição.

Passo 5: Após o uso, o carro deve ser deixado no mesmo local onde foi retirado, em frente ao edifício Inaitec, na avenida das Águias, 231, Pedra Branca, Palhoça.

* Por enquanto, o Podshare não está cobrando mensalidade dos usuários do Inaitec

Floripa News

População contribui com o projeto de estacionamento rotativo em São José. As sugestões foram encaminhadas durante a realização de três audiências públicas.

A Secretaria de Segurança, Defesa Social e Trânsito realizou, na última quinta-feira (22), a terceira e última audiência pública para debater a implantação do estacionamento rotativo em São José.

Durante os encontros, moradores, comerciantes e empresários puderam contribuir com ideias e sugestões, que agora serão analisadas pelos técnicos da Prefeitura de São José. A expectativa, de acordo com a secretária Andrea Pacheco, é lançar o processo de licitação ainda neste primeiro semestre.

A primeira audiência pública ocorreu dia 2 de dezembro, no Centro de Atenção à Terceira Idade (CATI). Sem seguida, dois encontros setorias reuniram os moradores de Kobrasol e Campinas, dia 15 de janeiro, e Nossa Senhora do Rosário, Barreiros, Forquilhinha e Centro Histórico, no dia 22 de janeiro. Os últimos dois, realizados no auditório da sede administrativa municipal.

"Foram necessários três encontros para reunirmos um público considerável, que pudesse contribuir de fato com o projeto que foi elaborado", destacou Andréa. Para a secretária, o principal benefício da zona azul será a democratização dos espaços e a rotatividade. "Hoje, o sujeito estaciona o carro às 7 horas e fica até o final do dia. Precisamos regulamentar isso, para favorecer a mobilidade na cidade", reforça.

Para Andrea, o projeto da zona azul trará melhorias para todos, sem priorizar ninguém. "Quando um comerciante rebaixa a via, para dar acesso ao recuo do seu estacionamento, ele está inviabilizando uma área que é pública", explica, ao apontar que, sem considerar esses estacionamentos privados, serão criados bolsões de fuga que prejudicariam o comércio local e os moradores.

"Queremos reorganizar os espaços e impedir que recuos irregulares sejam utilizados como estacionamento", pontua a secretária.

É considerado recuo regular quando o espaço total entre a vaga e o meio fio é de sete metros – 5,5 metros para a vaga de estacionamento mais 1,5 metro de calçada. O problema é que muitas vagas de recuo têm menos de cinco metros, sendo que o veículo estacionado acaba avançando sobre a calçada.

Considerando as informações apresentados pela população, a Secretaria de Trânsito, Defesa Social e Segurança apresentará o projeto final para a prefeita Adeliana Dal Pont na próxima semana, quando serão definidos os próximos passos do projeto que deve ser implantado neste ano.

O projeto

Para ser viável economicamente, o sistema deve operar com cerca de cinco mil vagas. A implantação seria feita por etapas, começando pelos bairros Kobrasol e Campinas. Na sequência, o sistema seria instalado no entorno da sede dos Correios (bairro Nossa Senhora do Rosário), na Avenida Leoberto Leal (Barreiros), em Forquilhinha e no Centro Histórico.

Foram apresentadas três formas de administração do sistema – pela administração municipal, por entidade beneficente ou por entidade privada.

A opção mais viável, levando em consideração os custos de implantação do sistema, seria a concessão para uma empresa privada, escolhida através de licitação. Neste caso, a empresa repassaria, mensalmente, um valor fixo por vaga operada pelo sistema.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

140 anos: evolução do transporte individual

21/01/2015 - O Estado de SP

Confira os fatos marcantes que contam a história do automóvel no Brasil, de carruagens aos carros modernos

Igor Macário e Thiago Lasco

Peugeot Type 15, primeiro carro a rodar no Brasil - Reprodução
Peugeot Type 15, primeiro carro a rodar no Brasil - Reprodução

Quando o primeiro exemplar de automóvel desembarcou no Brasil – um Peugeot Type 15, trazido de Paris por Alberto Santos Dumont em 1895, 11 anos antes de ele se tornar o "pai da aviação" – , o transporte individual no País era feito por carruagens, que transportavam apenas as famílias mais abastadas – para os demais, já havia o bonde.

A partir do pioneirismo de Dumont, outras pessoas de alto poder aquisitivo passaram a importar seus carros, o que assegurou a eles o papel de objeto de desejo e símbolo de status. Nascia ali uma grande paixão dos brasileiros.

A montagem do primeiro veículo motorizado no País teve início em 1919 e a produção, em 1956, mas foi só nos anos 70, com a grande industrialização, que os carros passaram a ser comuns nas ruas. Na época, o desenvolvimento das cidades privilegiou o automóvel.

Na celebração dos 140 anos do Estado, o Jornal do Carro traçou um panorama da evolução do transporte individual no Brasil, das carruagens aos modernos veículos que hoje estão em nossas ruas.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Haddad veta táxi compartilhado

11/01/2015 - O Estado de SP

O prefeito Fernando Haddad (PT) vetou a lei que regulariza o táxi compartilhado na capital. Aprovada ano passado pelos vereadores, a legislação autorizava a criação de rotas fixas para serem divididas por, no mínimo, dois passageiros.

A ideia era que as linhas saíssem de estações de metrô, terminais de ônibus e centros comerciais.

Haddad considerou que a lei desvirtua o transporte individual de passageiros, especialmente a flexibilidade de rotas

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Cai número de automóveis vendidos no país em 2014

08/01/2015 - Agência Brasil

O número de automóveis vendidos no país em 2014 registrou queda de 6,76% em relação a 2013, com 5.161.116 unidades comercializadas contra 5.535.398. Os dados foram divulgados pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) na capital paulista.

Em dezembro de 2014, as vendas cresceram 21,29%, com a comercialização de 516.437 unidades. Em novembro, foram 425.798. Na comparação com dezembro do ano anterior, quando o comércio desses veículos chegou a 515.890 unidades, houve alta de 0,11%.

Quando analisadas somente as categorias de automóveis e comerciais leves, o setor registrou aumento de 26,35% no total das vendas em dezembro ante novembro de 2014. Na comparação com dezembro do ano anterior, houve crescimento de 5,25% e no ano inteiro de 2014, queda de 6,91%.



segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Compartilhamento de carros elétricos chega ao Brasil

28/12/2014 - A Tribuna - MT

Depois de compartilhar bicicletas, cidades brasileiras dão os primeiros passos para fazer o mesmo com os carros. Semana passada começou a funcionar, no Recife, o primeiro sistema de compartilhamento de veículos elétricos do país (car sharing). O modelo, implantado nos Estados Unidos e na Europa, permite ao usuário pegar o carro em vagas ou garagens espalhadas pela cidade e devolvê-lo, depois, em um período determinado. Em 2015, o modelo deve estar em funcionamento também no Rio de Janeiro, que lançou este mês chamada pública sobre a viabilidade do projeto. Uma empresa em São Paulo oferece o serviço desde 2010, mas tem somente carros movidos à combustível.

A escolha pelo compartilhamento de carros elétricos no Recife, segundo a gerente do projeto do Porto Digital, Cidinha Gouveia, busca melhorar a mobilidade no centro. "O trânsito aqui está ficando pior que em outras capitais [mais populosas] como São Paulo, segundo estatísticas recentes. Nos horários de pico, é impossível se deslocar de um ponto a outro e as pessoas podem esperar até 40 minutos por uma vaga", informou. Com o novo sistema, que tem vagas fixas em três estações, quem precisa de um carro para curtas distâncias pode fugir dos problemas.

Ainda pouco conhecido no país, o compartilhamento tem um grande potencial, avalia o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Leonardo Meira. Ele explica que o modelo surgiu na Europa na década de 1980 e é complementar ao transporte público, incluindo as bicicletas. Além de reduzir a poluição e o trânsito nas cidades, Meira destaca que incentiva a racionalização do uso do carro. "Pesquisas mostram que o compartilhamento tira das ruas até sete carros particulares, na Alemanha e na Suíça, onde é muito forte."

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Depois das ‘bikes’, Recife ganha aluguel expresso de carros elétricos

16/12/2014 - O Globo


O Recife acaba de se tornar a primeira capital do país a contar com sistema de compartilhamento de carros elétricos, num modelo similar ao do aluguel de bicicletas que se espalhou por 14 cidades brasileiras. O projeto piloto foi lançado ontem, com três unidades, e deve operar para o público já no início de 2015.

Fabricados na China, os carrinhos são da montadora ZhiDou (ZD) e têm autonomia para rodar por 120 quilômetros após uma carga de seis horas em eletricidade. O sistema vinha sendo desenvolvido havia cinco anos e enfrentou problemas burocráticos, como a dificuldade de emplacamento, uma vez que, pela lei, carro elétrico é quadriciclo.

TRÊS ESTAÇÕES NA CIDADE

Depois de um acordo com o Detran, o veículo recebeu uma matrícula especial de cor verde e pode ser multado, caso o usuário cometa alguma infração. Mas não pode deixar o Estado de Pernambuco.
As estações foram instaladas no bairro do Derby e em duas áreas do Centro: em frente à prefeitura e próximo à Casa da Cultura. Por enquanto, há 20 usuários cadastrados, que serão encarregados de avaliar o sistema. Para utilizar os veículos, pagamse taxas de R$ 30, na inscrição, e R$ 20, na reserva. Se houver caronas, a taxa cai para R$ 10 por pessoa. Como no sistema de bicicletas Bike Rio e Bike Pernambuco, entre outros, a retirada é feita por um aplicativo instalado no smartphone, que mostra as estações e os carros disponíveis. O tempo permitido para a utilização do carro é de meia hora. Em caso de extrapolamento, o usuário vai pagar R$ 0,75 por minuto adicional.

O usuário precisa ter mais de 18 anos, habilitação e cartão de crédito. Após a inscrição, pelo celular, é preciso apresentar documentos no bairro do Recife Antigo, na sede da Porto Digital, incubadora de iniciativas na área de tecnologia da informação que desenvolveu o projeto em parceria com a empresa Serttel, a mesma dos aluguéis de bicicletas.

— Esperamos que, com a consolidação desse projeto, o poder público reconheça o seu valor e sua importância e promova a sua expansão, como ocorreu com o aluguel de bicicletas — afirmou Francisco Saboia, presidente da Porto Digital.

O projeto custou R$ 500 mil e contou com recursos do Ministério de Ciência e Tecnologia, da Serttel e da Porto Digital, além de apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco.

Em 10 anos, uso de carros aumenta e o de ônibus cai

16/12/2014 - O Globo

Segundo o Plano Diretor de Transporte Urbano, entre 2003 e 2012, o uso de carro aumentou de 25,8% para 28,5% no Rio e agora a Região Metropolitana tem 3 horários de rush. Funcionária da prefeitura de Duque de Caxias, Vanessa Arduina, de 34 anos, mora no Catete e todos os dias perde pelo menos 90 minutos no trajeto de casa para o trabalho. Mesmo enfrentando o risco de pegar um enorme congestionamento, ela continua apostando no carro, diante da ineficiência e da falta de pontualidade do transporte público. Ainda longe dos preceitos sustentáveis, a dinâmica dos deslocamentos da Região Metropolitana do Rio continua bastante focada no transporte individual, em detrimento do coletivo. É o que mostram dados recentes do Plano Diretor de Transporte Urbano ( PDTU), apresentados ontem pela Secretaria estadual de Transportes. Em 2003, o transporte individual era utilizado por 25,8% da população diariamente. Em 2012, 28,5% passaram a fazer uso dessa alternativa. Por outro lado, 74,2% usavam o transporte coletivo em 2003, fatia que encolheu para 71,5% em 2012.

Isso significa que o número de viagens de carro, táxi e motocicleta aumentou cerca de 3 pontos percentuais no período — mesmo índice de revés nas viagens de trem, metrô, ônibus e barcas. Em números absolutos, porém, todos os modais ganharam passageiros, algo esperado em função do crescimento da cidade: as viagens em coletivos subiram em 1,8 milhão por dia, totalizando 11 milhões. Enquanto isso, as viagens em transporte individual aumentaram 1,1 milhão por dia, chegando a 4,4 milhões. Também em função disso, o tempo médio diário gasto pelos motoristas de carro subiu 32%.

TENDÊNCIA É CENÁRIO MUDAR

Na avaliação do engenheiro Willian Aquino, especialista em transportes e coordenador do estudo, a política adotada pelo governo estimulou o uso de veículos de passeio — expressa no represamento dos preços da gasolina e nas facilidades de crédito. Embora reconheça que o retrato não foi positivo, Aquino lembra que a tendência para os próximos anos pode se inverter.
— A tendência do período estudado foi de maior utilização dos automóveis. Gasolina barata, estacionamentos sem controle, facilidade para comprar carro e aumento da renda média ajudam a explicar esse crescimento da maior utilização percentual dos automóveis — avalia Aquino. — Fica o alerta, mas essa não é uma situação inexorável. É claro que a pesquisa mostra uma situação preocupante. Mas acredito que o cenário possa mudar nos próximos anos. O Rio tem investido no transporte de massa, em BRT, VLT, nos bloqueios de acesso aos veículos de passeios em algumas regiões.

TRÊS HORÁRIOS DE RUSH

Em entrevista ontem ao programa "Bom dia, Brasil", na TV Globo, a secretária estadual de Transportes, Tatiana Carius, reconheceu que ainda há muito a ser feito para melhorar o transporte de alta capacidade na Região Metropolitana. Mas destacou os avanços conquistados desde 2007.

— Mobilidade urbana é o desafio de todas as grandes cidades. Temos que levar mais qualidade, conforto e pontualidade aos usuários. Não temos a utopia de ter resolvido os problemas. Mas o governo do estado vem investindo maciçamente, desde 2007, em transporte de massa. Ninguém constrói metrô de um dia para o outro — disse Tatiana, lembrando que o número de passageiros nos trens passou de 325 mil por dia, em 2007, para 680 mil, em 2014.

Vanessa Arduina, que abre mão do deslocamento sobre trilhos diariamente, preferindo seu carro para percorrer 57 quilômetros (viagens de ida e volta somadas), atribui os principais gargalos à falta de pontualidade e à integração deficiente entre os modais.

— Não vale a pena eu pegar ônibus e trem se não terei qualquer garantia de chegar na hora. Quem mora na Zona Sul e trabalha no Centro ainda se beneficia pegando apenas o metrô. No meu caso, teria que depender da pontualidade do trem e do ônibus, o que complica demais. Demoro muito para me deslocar de carro, mas ainda é a melhor opção — argumenta.

Quem também sente na pele as dificuldades de locomoção é Liliane Martins, de 36 anos, moradora de Itaboraí.

— Trabalho na Tijuca. O trânsito está cada vez mais complicado. Desde que comecei a trabalhar no Rio, há uns 18 anos, eu vejo mais carros nas ruas, o que piora o trânsito. Sem contar com as obras. Hoje tenho que sair de casa às 5h15m para estar no serviço às 8h. Pego um ônibus e um metrô para chegar — diz a cuidadora de idosos.

O PDTU mostrou que Liliane não está sozinha em seu sacrifício diário: quem usa transporte público sai mais cedo de casa, a maioria pouco antes da 6h. Ainda segundo a pesquisa, a hora do rush também acontece atualmente ao meio- dia — horário de almoço e de saída e entrada das escolas — e não apenas mais no começo da manhã e no fim da tarde.

MENOS PASSAGEIROS DE VANS

Outra constatação do estudo é que houve significativa redução do número de passageiros do transporte alternativo de 2003 para 2012. As viagens de vans e Kombis sofreram revés de 59,65% no período, caindo de 1,6 milhão/dia para apenas 658 mil.
Os deslocamentos a pé ou de bicicleta também caíram cinco pontos percentuais — de 37% para 31,8%.

— Com a implementação do bilhete único, pessoas que faziam viagens a pé ou de bicicleta para economizar dinheiro passaram a utilizar o transporte público. Uma parcela mais significativa de moradores do subúrbio — avalia Willian Aquino.
O economista Marcos Poggi, especialista em planejamento de transportes, também acredita em uma mudança de tendência na próxima década. Ele defende a implementação de políticas que tornem o uso do carro menos atraente:

— O aumento do uso do carro é inegável, mas essa tendência deve ser revertida. Infelizmente, as autoridades brasileiras ainda consideram pouco as alternativas de desestimular o uso do transporte individual colocando imposto na gasolina, ou induzindo o condutor particular a pagar mais por esse privilégio.