quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Maioria dos estudantes usa carro para ir à universidade

22/12/2010 - Jornal de Brasília

Quase 40% das pessoas que transitam pela Universidade de Brasília (UnB), chegam ao campus de carro, enquanto 31% utilizam o ônibus. Apenas 3% das pessoas fazem o trajeto a pé e 2% utilizam a bicicleta. Os dados foram alcançados por meio de um raios X da situação de quem transita para e pela a UnB, feito pelos alunos da disciplina Planejamento de Transportes, de Engenharia Civil.

O levantamento foi iniciado no primeiro semestre deste ano. O que eles viram foi: infraestrutura precária de vias e paradas de ônibus, dificuldades para alunos com necessidades especiais, altos gastos mensais de quem frequenta a universidade e a insatisfação dos funcionários terceirizados com o sistema de ônibus. "Os alunos tiveram que ir a campo para conhecer o cotidiano das pessoas. Isso é primordial para realizar o planejamento", afirma o professor Pastor Gonzalez, que coordenou a disciplina.

A mobilidade é um conceito relacionado ao nível da renda e ao acesso aos diversos tipos de transporte. "Quem usa o transporte coletivo tem uma mobilidade menor, devido às poucas opções de itinerários, custos e desconforto", afirma Matheus Azevedo, do 7° semestre de Engenharia Civil.

As pesquisas feitas pelos alunos mostram que, quanto menor a renda familiar, maior o tempo gasto para chegar ao campus. Os moradores com renda de dois a três salários-mí-nimos demoram cerca de 70 minutos para chegar ao campus. Quem recebe de quatro a cinco salários-mí-nimos faz o trajeto em 61 minutos, em média. Quem gasta menos tempo são os que têm renda familiar entre 11 e 15 salários-mínimos: cerca de 34 minutos.

Quem mais demora para chegar ao campus são os moradores de Samambaia e Recanto das Emas: o trajeto dura, em média, 90 minutos. O morador do Paranoá leva, em média, 80 minutos para chegar ao Campus Darcy Ribeiro. Quem mora no Plano Piloto faz o mesmo trajeto em cerca de 18 minutos.

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Dos entrevistados, 55% consideram o transporte coletivo ruim ou péssimo ¦ contra 20% que o classificam como bom ou excelente.

55% dos terceirizados utilizam o transporte coletivo para chegar ao trabalho, num percurso que dura de uma a duas horas (65% dos casos). 10% declararam demorar mais de duas horas para chegar ao trabalho.

Usuário que mais gasta

Os usuários que saem de Taguatinga são os que mais gastam para chegar ao campus Darcy Ribeiro: em média, R$ 324 por mês. Em seguida, vem o morador do Guará, que paga cerca de R$ 310 mensais para chegar à UnB. Empatados nos gastos, em terceiro lugar, ficaram os moradores de Sobradinho e Paranoá, que gastam cerca de R$ 300 para chegar ao campus Darcy Ribeiro. Para o morador do Plano Piloto, chegar ao campus custa cerca de R$ 72 por mês, de acordo com a pesquisa.

Para solucionar os problemas, a equipe propõe a revitalização da infraestrutura do Campus Darcy Ribeiro. "Sugerimos maiores investimentos somados a um planejamento coerente", diz o estudante Matheus Azevedo. A implementação de transportes alternativos também foi uma das sugestões. "Infelizmente, implantar mais meios de transportes não resolve totalmente o problema".

Foram entrevistadas cerca de cem pessoas, entre estudantes, funcionários e professores, em locais como a Faculdade de Tecnologia, os pavilhões, o Restaurante Universitário e o Minhocão, durante horários de pico de movimentação.

O grupo de Matheus analisou a opinião de funcionários e estudantes do Campus Darcy Ribeiro sobre acessibilidade e mobilidade na área. Segundo a pesquisa, 76% das pessoas consideram as condições de acesso aos portadores de necessidades especiais de regular a ruim. De acordo com Matheus, a acessibilidade está relacionada com a qualidade das vias, calçadas e pontos de ônibus. "A ausência de desníveis nas calçadas, a falta de rampas nos prédios e os buracos nas vias dificultam a vida das pessoas com deficiência".

Dos entrevistados, 56% consideram as condições físicas das vias do campus regular ou ruim, enquanto 37% afirmam que elas estão boas. Em relação às calçadas, 64% consideram que elas são ruins ou regulares, 24% classificam como boas e 12% como péssimas. As paradas de ônibus foram consideradas ruins ou regulares por 59% entrevistados, enquanto 14% disseram que elas são péssimas e 27% consideram que elas estão boas.

As maiores reclamações dos funcionários terceirizados incluem os atrasos dos ônibus gratuitos que levam os empregados do campus até a rodoviária, além dos horários incompatíveis com o expediente da maior parte deles.

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