segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Montadoras têm ociosidade recorde

22/02/2015 - O Estado de SP


A indústria automobilística brasileira vai operar este ano e o próximo com metade de sua capacidade instalada. O cálculo leva em conta os projetos que serão inaugurados nesse período. Novas fábricas, entre elas a da Fiat, em Goiana (PE) e a da Honda, em Itirapina (SP), além de ampliações previstas em unidades mais antigas, vão adicionar uma capacidade produtiva de quase 800 mil veículos ao parque automotivo.

Com isso, a capacidade anual conjunta das montadoras deve saltar das atuais 4,8 milhões de unidades para 5,6 milhões, segundo cálculos da Tendências Consultoria. A demanda prevista para este ano é de pouco mais de 3 milhões de unidades. Significa que o setor vai operar com 53% de sua capacidade, porcentual que muda pouco em 2016.

Com este cenário, na visão de analistas, as montadoras tendem a manter os ajustes que já estão promovendo, com a redução do quadro de pessoal e possivelmente de investimentos. No ano passado, o setor eliminou 12,4 mil vagas de trabalho. Neste ano já foram 400 demissões em janeiro e a maioria das grandes fabricantes está com medidas de corte de produção.

O setor não operava com ociosidade tão elevada desde o período 1999-2003, na sequência de um boom de novas montadoras que chegaram ao País, entre elas a Toyota e a Renault. Na época, o País enfrentava rescaldos da crise externa, alta de juros e mudança do regime cambial.

No mundo todo, a indústria automobilística deve trabalhar com 72% de sua capacidade, prevista em 124,2 milhões de veículos neste ano e 131 milhões em 2016, segundo dados da PricewaterhouseCoopers (PwC).

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, diz que a entidade prepara estudo sobre os dados de capacidade das fábricas. O último número divulgado é de 4,5 milhões de veículos.

"Independentemente do número, o certo é que temos atualmente uma alta ociosidade", admite Moan. Ele ressalta, contudo, que não se pode contabilizar a capacidade total de uma fábrica no primeiro ano de operação, pois há um tempo para maturação do projeto. Também é preciso levar em conta o número de turnos necessários para atingir a produção prevista.

Cenário. A nova leva de empresas inicia operações num momento em que o Brasil está à beira de uma recessão, que pode ser ampliada pela escassez de água e energia elétrica e pelos desdobramentos da Lava Jato.

A produção de veículos caiu 15,3% no ano passado em comparação a 2013. O uso da capacidade instalada baixou de 77% para 62%. Para este ano, a previsão é de cair mais nove pontos.

"Esse cenário de forte deterioração que prossegue em 2015 e 2016 pode levar à postergação de projetos que ainda não estejam adiantados", diz Rodrigo Baggi, analista do setor automotivo da Tendências.

"É possível que haja um contingenciamento de investimentos e alguns lançamentos sejam postergados", admite o executivo de uma grande montadora.

Os projetos mapeados pela Tendências para este e o próximo ano são os das novas fábricas da Fiat, que iniciou produção na semana passada (com capacidade para 250 mil carros), Honda (120 mil), Audi (26 mil), Mercedes-Benz (20 mil), Jaguar Land Rover (24 mil) e JAC Motors (100 mil), além de ampliações anunciadas por Volkswagen, Ford, PSA Peugeot Citroën e Mitsubishi.

O projeto da chinesa JAC está atrasado em mais de um ano. Após vários anúncios, o início das obras em Camaçari (BA) agora está previsto para abril, com término no meio de 2016.

A também chinesa Chery, inaugurada em agosto, só iniciou produção comercial há duas semanas. Com capacidade para 50 mil veículos anuais, espera produzir 30 mil este ano.

O Brasil tem hoje 23 plantas que produzem automóveis e comerciais leves e mais cinco serão inauguradas até 2016. Vários dos novos investimentos foram definidos em razão do programa Inovar-Auto, que incentiva a produção local com benefícios fiscais e aumenta impostos para importações.

Para o sócio da MB Associados, José Roberto Mendonça de Barros, o Inovar-Auto não é um bom programa justamente porque ao longo do tempo cria-se um excesso de produção de veículos. "Tem o erro de colocar um muro de proteção tão elevado que obrigou mesmo montadoras de carros mais de luxo a abrir fábricas aqui."

Em sua opinião, não faz sentido abrir uma fábrica em escala não econômica só para escapar do alto imposto da importação. "O erro básico do Inovar-Auto foi projetar uma tendência de crescimento do mercado que era temporária. E agora, como consertar isso? Ou começa a exportar ou vai sobrar capacidade de produção para o resto da vida." O ponto positivo, diz o consultor, é que foi a primeira vez que se estabeleceram condições de contrapartida das empresas, como a redução de consumo de combustível.

Para Moan, a situação sem o Inovar-Auto seria pior. "Do total de vendas de carros, já chegamos a ter 30% de importados", diz. "Se continuássemos nesse ritmo, talvez hoje metade das nossas vendas seria de importados e estaríamos com um problema ainda mais grave de produção e empregos."

'Nunca tinha visto situação como esta', diz soldador

Montadoras têm 20 mil funcionários em excesso,se for levada em conta a produção de 2009

A alta ociosidade nas fábricas gera excesso de pessoal. A produção de veículos prevista para este ano é de cerca de 3 milhões, número próximo ao de 2009, quando o setor empregava 124 mil pessoas. Hoje, emprega 144 mil. Significa que as fábricas têm 20 mil pessoas a mais para fazer o mesmo volume de carros.

Questionado sobre essa comparação, o presidente da Anfavea, Luiz Moan, diz não ter como calcular o que de fato é excedente. "Parte desse pessoal está nas novas fábricas inauguradas nos últimos anos", afirma. "Mas é certo que temos excedentes, por isso as empresas estão adotando medidas como lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) e PDVs (programas de demissão voluntária)."

A maior fabricante de caminhões e ônibus do País, a Mercedes-Benz, tem 750 trabalhadores em lay-off desde julho na fábrica de São Bernardo do Campo (SP) e 170 na de Juiz de Fora (MG).

"Há um sentimento de angústia, pois todos nós queremos voltar ao trabalho", diz Caio César de Viveiros, que trabalha como soldador na fábrica do ABC paulista. Ele tem 28 anos e entrou na Mercedes ainda adolescente, com 16 anos, como aluno do Senai. "Nunca tinha visto uma situação como esta", diz.

O metalúrgico teme pelo futuro pois, da parte da empresa, só ouve dizer que não há expectativa de melhora do mercado no curto prazo. Casado há dois anos, ele adquiriu um apartamento financiado por 30 anos e vê o atual momento com apreensão. "Seria muito complicado perder o emprego."

Jair Nery de Andrade, de 51 anos, funcionário da área de pintura da General Motors de São Caetano do Sul (SP) é outro que afirma nunca ter vivenciado situação como a atual. Na empresa há 30 anos, conta que já passou por várias crises, "mas nenhuma tão negra como a atual".

Andrade está no grupo de 950 trabalhadores da GM em lay-off, com retorno previsto para abril. É a primeira vez que é dispensado num programa desse tipo. "Estou inseguro, com medo. Fico pensando na vida e não sei o que farei se perder o emprego". Ele é casado e tem três filhos. O mais velho, de 26 anos, também trabalha na GM e não está no lay-off. "Torço para o mercado melhorar para que meu filho mais novo, de 19 anos, também trabalhe na GM."

"O setor automotivo está estrangulado", diz o presidente da MA8 Management Group, Orlando Merluzzi. Ele afirma que, nos últimos 14 anos, a produção de veículos aumentou 87%, enquanto a produção por empregado cresceu 34%.

Para o consultor, o setor ainda deverá fazer ajustes no quadro de pessoal para retomar o equilíbrio entre produção, vendas e faturamento. Segundo ele, "qualquer movimento contrário ficará por conta das novas fábricas que entrarão em produção nos próximos dois anos."

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

França da bônus de 10 mil euros para trocar carro velho por elétrico

04/02/2014 - Uol

Para reduzir emissões, governo francês cria incentivo para substituição de carros antigos por elétricos
  
Dyogo Fagundes

Carroe elétricos têm incentivo para compra na França
Carroe elétricos têm incentivo para compra
créditos: Uol
 
O governo da França iniciou recentemente um programa de incentivo à compra de carros elétricos e troca gradual de carros movidos a diesel (cerca de 80% da frota). 
 
Conforme explica a ministra de Energia Ségolène Royal, quem optar por trocar seu carro velho a óleo por um veículo novo movido a eletricidade receberá 10 mil euros (cerca de R$ 30.300) de incentivo. É a chamada lei de transição de energia, válida para os donos de veículos com mais de 13 anos e essencialmente residentes em áreas urbanas.
 
"Na França, favorecemos há muito tempo o motor a diesel. Foi um erro e vamos desfazer isso progressivamente, de forma inteligente e pragmática", disse um porta-voz do governo. 
 
Além disso, a nova política de energia prevê um aumento no preço do diesel para reforçar o incentivo à troca. A meta é aumentar cerca de 2 centavos de euro por litro do combustível e arrecadar algo em torno de 807 milhões de euros neste ano. Carros muito poluidores também terão circulação restrita nas principais cidades do país.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Universidade de Porto Alegre terá serviço de aluguel de carros elétricos

03/02/15 - RBS

Universidade Federal do Rio Grande do Sul vai iniciar teste de carro elétrico compartilhado para lançar serviço ainda em 2015

Marcos Bruno / RBS  

Os modelos são dobráveis, o que reduz o espaço
Modelos são dobráveis, o que reduz o espaço
créditos: Divulgação
 
A partir deste ano, começa a funcionar em Porto Alegre, ainda em fase de testes, o compartilhamento de carros elétricos na UFRGS, similar ao que já acontece com o Bike Poa. O projeto Sivi (Sistema Veicular Inteligente) vai beneficiar primeiro a comunidade universitária, já que as duas primeiras estações, cada uma com um carro, ficarão nos campi Centro e do Vale.
 
A tarifa ficará em R$ 24. O carro elétrico chega à 70 km/h. O veículo não é poluente, é isento de IPVA e roda a cerca de R$ 0,10 por quilômetro.
 
Criado por estudantes da pós-graduação, que montaram a startup MVM Technologies, o sistema poderá chegar em toda a capital. "Temos um planejamento para segunda etapa, tornando possível um serviço de escala, em Porto Alegre. Fora disso, a expansão para região metropolitana, o que é possível , temos que ver um prazo mais longo", explicou o diretor executivo da empresa, Lucas de Paris.
 
O modelo, implantado nos Estados Unidos e na Europa, permite ao usuário pegar o carro em vagas ou garagens espalhadas pela cidade e devolvê-lo, depois, em um período determinado. Em dezembro passado, o sistema começou a funcionar no Recife, e em 2015 deve estar em funcionamento também no Rio de Janeiro.

Startup brasileira de caronas capta investimento estrangeiro

03/02/2015 - Jornal do Comércio - RS

A Tripda (www.tripda.com.br), plataforma on-line de compartilhamento de caronas fundada em maio de 2014 por empreendedores brasileiros, anunciou uma rodada de investimentos de US$ 11 milhões liderada pela Rocket Internet, da Alemanha, e fundos norte-americanos. Com esses recursos em caixa, a startup planeja expandir as suas operações globais e crescer a base de usuários nos 13 países onde opera.

É mais um passo importante na operação, que começou a partir de uma ideia simples: conectar passageiros que procuram por um meio de transporte mais cômodo e barato com motoristas que possuem assentos disponíveis em seus automóveis. É uma alternativa às viagens em ônibus, vans e aviões, de curta duração.

Tudo começou a partir da própria experiência de um dos cofundadores da companhia, Pedro Meduna. Ele costumava viajar de uma cidade para outra para estudar e, sempre que precisava, recorria à carona de amigos e conhecidos. Depois, quando morou na Alemanha, viu que esse conceito já estava bastante desenvolvido na Europa. "Foi uma soma de viver na pele a experiência de carona com constatar que podia dar certo no Brasil, pois já era um sistema maduro em outro continente", revela.

A maior inovação da Tridpa, diz, foi a criação de um conceito novo para algo antigo, que é a carona. Antes, as pessoas iam para a beira da estrada, levantavam o dedo e torciam para algum carro parar e levá-las em segurança ao seu destino. "O que fizemos foi organizar essa plataforma de forma que se possa saber exatamente quem vai levá-las e a que horas, o que não existe no modelo tradicional", explica o gestor.

O segundo diferencial que ele relata foi o de conseguir adaptar esse modelo para uma preocupação muito real das pessoas atualmente, especialmente no Brasil, que é a segurança. Uma das estratégias usadas foi fazer com que as pessoas façam login no sistema usando o seu perfil do Facebook. Com isso, os usuários têm uma primeira camada de segurança, na medida em que podem entrar na rede social, verificar os amigos e outras informações disponíveis. A empresa também tem um sistema de validação dos seus usuários por meio do e-mail, para saber quem é que está na sua plataforma.

Já dentro do ambiente, passageiros e condutores podem estabelecer preferências de viagens, trocar mensagens e filtrar parceiros que fazem rotas similares. É possível verificar condutores e passageiros para assegurar segurança e garantir privacidade, oferecendo inclusive uma solução só para elas, direcionada para mulheres que pretendem viajar somente com outras mulheres.

O site faz o cálculo levando em consideração a distância, gasolina e pedágio do trecho e define o valor a ser pago, que é acertado diretamente entre o motorista e o passageiro. O Tripda não fica com um percentual do valor – a empresa ainda não se rentabiliza em cima do serviço que oferece.

Depois de usar o serviço, é possível fazer uma avaliação, o que acaba servindo de referência para outras pessoas que usam o aplicativo. Já são 70 mil usuários cadastrados nos 13 países em que a empresa atua, entre eles Estados Unidos e Índia. O sistema está disponível pela web e aplicativos para iOS e Android

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Palhoça (SC), testa sistema de compartilhamento de automóvel

03/02/2015 - Ciclovivo

É possível utilizar o carro por uma hora, pagando dezoito reais

Marcia Sousa

Automóvel compartilhado de Palhoça
Automóvel compartilhado de Palhoça
créditos: Divulgação
 
Semana passada, foi inaugurado um projeto de compartilhamento de veículos na cidade de Palhoça, na Grande Florianópolis (SC), que promete ser uma opção econômica e sustentável de se locomover.
 
Para amenizar o trânsito, a intenção é reunir mais pessoas para usar um só carro, ao invés de cada passageiro congestionar as ruas com seu veículo particular. O sistema foi desenvolvido pela startup Podshare, formado por um grupo de jovens da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), e funciona da seguinte maneira: após realizar um cadastro no site, o usuário recebe um cartão magnético e já pode fazer a reserva do veículo informando quando e por quantas horas precisará do serviço. Então, com o cartão ele destrava as portas do carro e as chaves ficam na ignição.
 
O usuário também pode relatar na central de atendimento qualquer dano no veículo antes de utilizá-lo, isso evita que seja responsabilizado por imprudência de outro. Na hora de devolver, basta encostar o cartão no parabrisa para travá-lo novamente.
 
O carro, da empresa Hertz, é um Gol 2014, 1.0, de quatro portas, que pode ser locado por R$ 18 a hora incluindo gasolina, vaga de garagem, seguro e manutenção. O modelo possui ar-condicionado, airbag e freios ABS.
 
Por enquanto, há apenas um automóvel disponível e o projeto está sendo testado por funcionários do Instituto de Apoio à Inovação e Tecnologia do Continente (Incubadora Inaitec), localizado em um luxuoso condomínio empresarial. A ideia é espalhar 20 veículos em quatro macrorregiões de Palhoça para que qualquer morador cadastrado no sistema do aplicativo possa utilizá-lo.
 
Além disso, os desenvolvedores querem estimular a carona, fazendo com que não só o automóvel como também os espaços dentro dele sejam, sempre que possível, compartilhados. O modelo pode servir de inspiração para os municípios que buscam melhorar a mobilidade urbana. 
 
Para saber mais, acesse o site do projeto: www.podshare.com.br

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Frota de SP ganha 509 carros por dia

02/02/2015 - O Estado de SP

Apesar das recentes medidas adotadas para incentivar o uso do transporte coletivo, como as faixas exclusivas, o número de carros e motos emplacados na capital paulista não para de aumentar – e em um ritmo maior do que nos últimos anos. Segundo estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo, a quantidade de automóveis que começaram a circular nas vias paulistanas no ano passado cresceu 3,4% em relação a 2013. No mesmo período, 4,5% mais motocicletas foram para as ruas.



Em 2014, 186 mil carros (509 por dia) e 45 mil motos (123 por dia) foram acrescentados à frota da cidade, ante 130 mil e 32 mil dois anos atrás. O número de carros chegou a 5,63 milhões e o de motos, 1,04 milhão.

Na avaliação de especialistas, a situação só deve mudar com a melhora da qualidade do serviço de ônibus. Como revelou o Estado na semana passada, em 2014 o número de usuários nos coletivos administrados pela São Paulo Transporte (SPTrans) caiu 0,3%. E, embora a cidade já tenha 465 km de faixas exclusivas, esse mecanismo não é suficiente.

Para Sergio Ejzenberg, engenheiro e mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), a população opta pelos meios de deslocamento "menos ruins". "O tempo é o bem mais precioso e as pessoas têm levado até 5 horas para ir e voltar do trabalho de ônibus. Com uma moto paga à prestação, por exemplo, essa pessoa poderia voltar mais cedo para casa", afirma Ejzenberg.

Foi o que fez o universitário Thiago Anastacio, de 30 anos. Usuário contumaz de trens e ônibus, ele, que mora em Carapicuíba, na Grande São Paulo, comprou uma moto alguns meses após começar a estudar em uma faculdade na Barra Funda, na zona oeste. "Eu pagava R$ 12 por dia para ir voltar de trem e ônibus. Agora, com a moto, gasto R$ 7. Deixaria a moto de lado se o sistema de transporte público fosse mais barato e rápido."

Já o consultor de Tecnologia da Informação David Ribeiro, de 32 anos, decidiu comprar uma moto há quatro meses, depois que mudou de emprego. Ele vive na região de Interlagos, na zona sul, e sempre andou de transporte público. Antes, trabalhava no centro. "Mas agora, meu trabalho é em Moema e lá não tem metrô nenhum perto. Não quero depender de ônibus. Por isso, comprei a moto. Com ela, faço o percurso em 25 minutos. De ônibus, em no mínimo uma hora e meia."

Bicicleta.Alexandre zum Winkel, que é consultor em Trânsito, afirma que apenas a abertura de novos eixos de transporte de alta capacidade, como linhas de metrô e corredores de ônibus, resolverá o impasse da mobilidade em São Paulo, atraindo pessoas dos transportes individuais para os coletivos.

"Fala-se muito que está fazendo (metrô e corredores), mas isso não está sendo efetivamente sentido pela população. A Prefeitura passou a incentivar mais a bicicleta em vez do transporte público e a maioria dos grandes corredores de ônibus previstos estão parados."

Melhorias. A Secretaria Municipal dos Transportes informou, em nota, que estimula o uso do transporte coletivo, tendo obtido "resultados positivos" nesse sentido. A pasta ressalta as melhorias, como as faixas de ônibus, as ciclovias (que já somam 214 km) e a construção de 150 km de corredores de ônibus, previstos para serem entregues até o fim de 2016.

Para a Prefeitura, "não se pode relacionar o aumento de poder aquisitivo da população – refletido pela elevação de vendas de veículos – com a maior ou menor utilização do transporte público".

Lentidão do trânsito aumenta 12% na manhã

A lentidão registrada em São Paulo durante o horário de pico da manhã piorou. No ano passado, houve em média 95 km de congestionamentos nos dias úteis, das 7 às 10 horas. Em 2013, o patamar era 12% menor, atingindo 83 km de filas.

Por sua vez, no horário de pico da tarde (que vai das 17 às 20 horas), o índice de engarrafamentos se manteve estável em 140km entre um ano e outro.

O engenheiro Horácio Augusto Figueira, mestre em Transportes pela Universidade de São Paulo (USP), acredita que o acréscimo de carros contribuiu para a piora da fluidez nas ruas. "E a lentidão vai se estendendo para fora dos horários de pico, com congestionamentos cada vez mais frequentes ao longo do dia."

Ele diz que investir em obras viárias é um erro das administrações públicas. "Dessa forma, estão tentando apagar o incêndio com gasolina, porque mais pessoas serão incentivadas a usar veículos individuais."


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Pedra Branca recebe projeto piloto de compartilhamento de carro

28/01/2015 - Diário Catarinense

O excesso de carros nas ruas é o principal inimigo da mobilidade em grandes cidades. Para resolver esse quebra-cabeça urbano, diversas ações de compartilhamento de modais foram criadas e desenvolvidas nos últimos anos. Uma em especial começou a conquistar o Brasil recentemente: o uso coletivo de carros. A primeira experiência catarinense foi implantada ontem, no condomínio Pedra Branca, em Palhoça. A nova proposta de meio de transporte é uma parceria da administração do condomínio com a startup Podshare. Por enquanto, o serviço irá atender apenas trabalhadores do Instituto de Apoio à Inovação e Tecnologia do Continente (Inaitec), incubadora de empresas de tecnologia da Pedra Branca.

Ao invés de um veículo por pessoa, lotando as avenidas das cidades, um carro para servir a vários habitantes. Esse é o principal lema do sistema de compartilhamento de carros. Foi vendo experiência em viagens que os estudantes e sócios da Podshare, Rodrigo Magri e Brenner Martins, começaram a pensar em um modelo que pudesse ser implantado em Santa Catarina.

— O modelo de compartilhamento francês é um dos mais conhecidos. Nele, você pode pegar o carro em um ponto e deixar em outro, como é possível fazer com bicicletas, por exemplo. Mas aqui temos uma limitação com relação a segurança pública, então tivemos que desenvolver um serviço próprio - explica Rodrigo Magri.

O projeto de compartilhamento de carros é o primeiro da Podshare, startup incubada há um ano no Inaitec, onde o sistema deve funcionar por enquanto. Com um veículo, ele será utilizado inicialmente apenas por pessoas que trabalham no edifício.

— Temos 30 empresas de tecnologia incubadas no Inaitec e essa iniciativa do carro compartilhado faz parte de um projeto da Pedra Branca em desenvolver alternativas sustentáveis de transporte - conta Renato Ramos, Gerente de Negócios da Pedra Branca.

O compartilhamento de veículos começou a operar ontem na Pedra Branca. Para utilizar o serviço, o cliente deve assinar uma mensalidade e depois terá que pagar R$ 18 por hora de utilização do carro, um modelo Gol 1.0, ano 2014.

Compartilhamento já tem mais de 20 anos na Europa

O compartilhamento de veículos começou ainda nos anos 1980, na Europa. No entanto, apenas na década seguinte o modelo ganhou força e se profissionalizou, principalmente na Suíça e na Alemanha. Para a arquiteta da área de mobilidade do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Luisiana Paganelli Silva, que pesquisa o serviço de compartilhamento de carros, a forma como o brasileiro utiliza o veículo particular deve mudar para que esse tipo de iniciativa funcione:

— O compartilhamento deixa claro a diferença entre uso e posse. O brasileiro ainda vê o carro como sinal de status social e isso precisa mudar. Além disso, outros modais e propostas devem ser implantados. Se isso não ocorrer, esse tipo de uso coletivo só vai fazer a pessoa que não tinha acesso a carro passar a ter. Ou seja, mais veículos nas ruas - observa a arquiteta.

Como funciona o compartilhamento

Passo 1: O usuário precisar acessar o site da Podshare e fazer um credenciamento para receber um cartão. Site: www.podshare.com.br

Passo 2: Uma mensalidade* de R$ 80 será cobrada para cada participante. Além disso, é preciso pagar uma taxa extra por hora de utilização do carro.

Passo 3: Com o cartão, o usuário pode agendar a hora que pretende utilizar o carro. Para cada hora utilizada, uma taxa de R$18 será cobrada. Esse valor inclui a gasolina e o seguro do veículo.

Passo 4: O cartão magnético permite que o usuário abra a porta do veículo. As chaves estão na ignição.

Passo 5: Após o uso, o carro deve ser deixado no mesmo local onde foi retirado, em frente ao edifício Inaitec, na avenida das Águias, 231, Pedra Branca, Palhoça.

* Por enquanto, o Podshare não está cobrando mensalidade dos usuários do Inaitec

Floripa News

População contribui com o projeto de estacionamento rotativo em São José. As sugestões foram encaminhadas durante a realização de três audiências públicas.

A Secretaria de Segurança, Defesa Social e Trânsito realizou, na última quinta-feira (22), a terceira e última audiência pública para debater a implantação do estacionamento rotativo em São José.

Durante os encontros, moradores, comerciantes e empresários puderam contribuir com ideias e sugestões, que agora serão analisadas pelos técnicos da Prefeitura de São José. A expectativa, de acordo com a secretária Andrea Pacheco, é lançar o processo de licitação ainda neste primeiro semestre.

A primeira audiência pública ocorreu dia 2 de dezembro, no Centro de Atenção à Terceira Idade (CATI). Sem seguida, dois encontros setorias reuniram os moradores de Kobrasol e Campinas, dia 15 de janeiro, e Nossa Senhora do Rosário, Barreiros, Forquilhinha e Centro Histórico, no dia 22 de janeiro. Os últimos dois, realizados no auditório da sede administrativa municipal.

"Foram necessários três encontros para reunirmos um público considerável, que pudesse contribuir de fato com o projeto que foi elaborado", destacou Andréa. Para a secretária, o principal benefício da zona azul será a democratização dos espaços e a rotatividade. "Hoje, o sujeito estaciona o carro às 7 horas e fica até o final do dia. Precisamos regulamentar isso, para favorecer a mobilidade na cidade", reforça.

Para Andrea, o projeto da zona azul trará melhorias para todos, sem priorizar ninguém. "Quando um comerciante rebaixa a via, para dar acesso ao recuo do seu estacionamento, ele está inviabilizando uma área que é pública", explica, ao apontar que, sem considerar esses estacionamentos privados, serão criados bolsões de fuga que prejudicariam o comércio local e os moradores.

"Queremos reorganizar os espaços e impedir que recuos irregulares sejam utilizados como estacionamento", pontua a secretária.

É considerado recuo regular quando o espaço total entre a vaga e o meio fio é de sete metros – 5,5 metros para a vaga de estacionamento mais 1,5 metro de calçada. O problema é que muitas vagas de recuo têm menos de cinco metros, sendo que o veículo estacionado acaba avançando sobre a calçada.

Considerando as informações apresentados pela população, a Secretaria de Trânsito, Defesa Social e Segurança apresentará o projeto final para a prefeita Adeliana Dal Pont na próxima semana, quando serão definidos os próximos passos do projeto que deve ser implantado neste ano.

O projeto

Para ser viável economicamente, o sistema deve operar com cerca de cinco mil vagas. A implantação seria feita por etapas, começando pelos bairros Kobrasol e Campinas. Na sequência, o sistema seria instalado no entorno da sede dos Correios (bairro Nossa Senhora do Rosário), na Avenida Leoberto Leal (Barreiros), em Forquilhinha e no Centro Histórico.

Foram apresentadas três formas de administração do sistema – pela administração municipal, por entidade beneficente ou por entidade privada.

A opção mais viável, levando em consideração os custos de implantação do sistema, seria a concessão para uma empresa privada, escolhida através de licitação. Neste caso, a empresa repassaria, mensalmente, um valor fixo por vaga operada pelo sistema.