quarta-feira, 18 de maio de 2011

Classe C vai gastar mais para alimentar o carro do que para alimentar a família.

17/05/2011 - Mobilidade Sustentável



Carros e motos já aparecem como prioridade de consumo na nova classe média brasileira , esta tendência foi apontada numa pesquisa divulgada em outubro de 2010 pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) revelava que até fevereiro de 2011 cerca de 30% das pessoas da Classe C planejavam comprar um carro. Um apontamento feito pela Data Popular mostrou que o aumento do valor dos veículos e a busca por modelos mais sofisticados faz com que a Classe C invista até 70% a mais para aquisição do automóvel. Além disso, cresceu também os gastos com seguro, manutenção e acessórios. Para se ter uma idéia a nova classe média do Sul é a mais motorizada no país sendo que cerca de 67% das famílias têm automóvel, contra 49% das do Norte e do Centro-Oeste. 

Teoricamente a Classe C gastaria mais para alimentar um carro do que para alimentar a família e se carro foi financiado o comprometimento poderia representar quase 70% da sua renda.

Vamos imaginar que a média de consumo de combustível de um carro popular seja 12 km/ litro de gasolina dentro da cidade de SP sem contar com as horas paradas no trânsito.

Uma pessoa que circula 20 km por dia apenas para trabalhar vai percorrer 4.800 km por ano e vai desembolsar cerca de R$ 1.000,00 apenas com combustível. 

Se somarmos outras despesas de um carro popular zero km, vamos ter mais ou menos os seguintes gastos por ano, sem contar custos de manutenção e aumento do combustível.

1.000,00 gasolina
1.500,00 seguro
2.400,00 estacionamento
1.200,00 IPVA

Chegaríamos a um custo de R$ 508,00 por mês para alimentar o carro quase que um salário mínimo ( R$ 545,00) 

Segundo o IBGE as classes sociais são divididas por faixa salarial:
classe A (entre R$ 6,6 mil e R$ 11 mil); 
classe B (entre R$ 2,2 mil e 3,8 mil); 
classe C (R$ 1,1 mil); 
classe D (R$ 570) e 
e classe E (R$ 300).

Sem uma política de transportes públicos adequada, iremos “produzir” uma bolha insustentável de endividamento na classe C muito acima do razoável . O que acontece quando a inadimplência aumenta? O número de consumidores que não honraram suas dívidas aumentou 21,4% no primeiro trimestre do ano, em relação ao mesmo período de 2010. Na comparação com fevereiro, houve um crescimento de 3,5% em março. Em relação ao mês de março de 2010, o aumento foi de 14,4%, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Inadimplência do Consumidor.

O aumento das vendas de automóveis nesta classe é insustentável e trará graves implicações para economia e desenvolvimento da cidade. 

O que evitaria esta catástrofe? O aumento do Juros ou uma política de desenvolvimento social que possibilite levar para os bairros mais afastados , trabalho, saúde e lazer, evitando grandes deslocamentos?

Por Lincoln Paiva

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